quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FUTURISMO

Grupo: Amanda Kawano, Daniela Sato e Ong Pei Hun


Vanguarda iniciada na Itália e difundida posteriormente em toda Europa, teve como principal precursor o poeta Filippo Tommazo Marinetti, que em 20 de fevereiro de 1909 propiciou o nascimento do movimento. Com o sentimento de impaciência diante da falta de desenvolvimento nacional pelas suas tradições, Marinetti cria uma nova tendência artística para superar as outras vanguardas, através do Manifesto Futurista. O Futurismo possuía três pintores importantes para movimento: Umberto Boccioni, Luigi Russolo e Carlos Carra.
Marinetti desejava se diferenciar de outros movimentos, com isso, ele promulgava seus conceitos de velocidade, guerra, dinamismo e futuro em seus poemas. Essa nova tendência artística exigia inovação estética, na qual exaltassem as delícias da velocidade e da energia mecânica, desprezando desta maneira todos os vínculos com as artes tradicionais e artes do passado. Diferente dos outros movimentos, a alcunha Futurismo deu-se pelo próprio Marinetti, para reforçar o conceito de velocidade e futuro.

Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... Um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia. (Marinetti, 1909).[1]

Em uma conferência em 1911, Boccioni fez um comentário sobre os pintores do Futurismo, citando a seguinte frase: "Queremos representar não a impressão óptica ou analítica, mas a experiência psíquica e total" (Lynton, 1991, p.88).[2]
A pintura preocupava-se, sobretudo na representação e expressividade do próprio movimento, afastando-se da representação do real e dos efeitos ilusionistas típicos da pintura. Proença, sobre os aspectos técnicos, disserta:

Para esses artistas não interessava a representação de um corpo em movimento, mas sim a expressão do próprio movimento. (...) observa-se como os artistas, que pretendiam evitar qualquer relação com a imobilidade, recusaram toda representação realista e usaram, além de linhas retas e curvas, cores que convincentemente a velocidade. (PROENÇA, 2010, p.164)[3]

Materiais como vidro, madeira, cartão, ferro, cimento, crina, couro, pano, espelho, luz elétrica e muitos outros foram sugeridos por Boccioni para renovar a escultura, asfixiada pelas esculturas monumentais de pedra e bronze.
A primeira grande mostra ocorreu em Milão em 30 de abril de 1911, onde Boccioni, Russolo e Carra enviaram cerca de 50 obras para a exposição, dividindo ainda espaço com obras infantis. A grande curiosidade do publico eram mais voltadas para aos nomes dos temas do que os seus trabalhos em si. Receberam no final uma critica mordaz de Ardengo Soffici, na qual a publicou na revista La voce de Florença, em que gerou em uma grande confusão e violência entre os artistas e o critico, contudo no final da historia, eles tornaram-se grandes companheiros. Viajaram sob o financiamento de Marinetti para Paris, e lá Severini apresentou-os para os principais artistas cubistas. Trabalharam vorazmente em suas pinturas, colocaram tudo o que haviam aprendido pelos grandes mestres em prática, depositando em suas obras maior complemento de divisionismo cromático e fragmentos formais de inspirações cubistas.
Reuniram diversas telas novas e repintadas, e expuseram na galeria de Paris, Galerie Bernheim-Jeune, inaugurada no dia 5 de fevereiro de 1912, e logo após a exposição viajou por toda a Europa. Em Berlim, um banqueiro comprou as 24 obras do total de 35 da exposição, na Galeria Der Sturm. A nova coleção do banqueiro foi subseqüentemente exposta em diversas galerias, aumentando o grau de influência do movimento, contudo o grande boom ocorreu entre 1913-14 em Chicago; Marinetti realizou conferências com grande êxito, ocorrendo desta forma, diversas manifestações na Itália e em outros países e como conseqüência encontrou diversos discípulos e defensores do futurismo em toda parte do mundo.      
Já no fim do Futurismo, Carrá permaneceu mais próximo ao cubismo analítico e sintético, e que durante a Guerra, voltou-se ao realismo; Severini aprofundou-se igualmente a Carrá ao cubismo, entretanto, logo combinou planos cubistas com notações cromáticas divisionistas, aproximando-se do abstracionismo, porém possuíam títulos explicativos; as telas de Russolo possuíam energia e movimento, contudo não contribuiu tanto como pintor quanto como compositor revolucionário. Boccioni era sem nenhuma dúvida o mais talentoso e inventivo entre eles. Inseriu-se ainda na área da escultura, produzindo obras tão revolucionárias quanto suas palavras, e as suas características eram uma espécie de interpretações de objetos heterogêneos (cabeças, janelas, molduras, luz) na qual encontramos nas pinturas futuristas, e também, formas únicas que davam continuidade no espaço.
A guerra de 1914-18 precipitou ao fim do futurismo, o restante dos artistas ‘transferiram-se’ para estilos mais tradicionais e Marinetti satisfez aos seus ideais políticos ajudando o fascismo conquistar o poder na Itália. Contudo o Futurismo teve a sua influência fundamentalmente importante e duradoura na historia. Partilhando um elo com o cubismo, suas conquistas foram de suma importância também para o mesmo: sem as atividades dos italianos, os cubistas jamais teriam desempenhado um papel tão grande na arte moderna.
O Futurismo inaugurou uma nova tradição na arte: a escrita de manifestos favoráveis e expositores dos movimentos a eles pertencentes. Diversos manifestos foram escritos pelos futuristas, como Manifesto dos Pintores Futuristas, Manifesto técnico da pintura futurista, Manifesto das mulheres futuristas, Manifesto do Prazer e Manifesto da escultura futurista.


[1] MARINETTI, Filippo Tommazo. O Manifesto Futurista. Paris, Le Fígaro. 1909
[2] STANGOS, Nikos (org). Conceitos da arte moderna. Tradução, Álvaro Cabral; revisão técnica, Reinaldo Roeis. Rio de Janeiro: JorgeZahar Ed., 2000
[3] PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo; Editora Ática, 2010.




Umberto Boccioni, Estado da Mente: A Despedida, óleo sobre tela, 70.5 cm x 96.2 cm, 1911, MoMA.
Luigi Russolo, A Revolta, óleo sobre tela, 21,10 cm x 32,21 cm, 1911, Tate Museum.

Carlo Carrá, Ritmo Plástico, Tinta sobre papel, 10.7 cm x 7.4 cm, 1911, MoMA
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Carlo Carrá, Café Concerto, Carvão sobre papel, 49.7 cm x 39.9 cm, 1912, MoMA.



Umberto Boccioni, Formas Únicas de Continuidade no Espaço, Bronze, 111.2 cm x 88.5 cm x 40 cm, 1913, MoMA.