segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

FAUVISMO


Grupo: Elizabete Vieira, Leonnardo Vieira e Tânia Gonçalves


Para compreendermos qualquer acontecimento do século XX, precisamos antes mencionar alguns acontecimentos importantes gerados a partir do impressionismo. Entre 1901 e 1906, foram realizadas em Paris várias exposições abrangentes da obra de Van Gogh, Gauguin e Cézanne. Crescidos numa atmosfera mórbida e “decadente” da década de 1890, esses jovens pintores ficaram profundamente abalados acabando por desenvolver um estilo novo e radical, cheio de cores violentas e distorções vitais. Estas seriam as maiores inspirações para os artistas recém-chegados.
          O primeiro movimento artístico de vanguarda deste século foi o fauvismo[1] ou fovismo, um grupo de pintores que desejavam libertar a cor das regras tradicionais da pintura, marcadas pelo intelectualismo, pelo desprezo ao realismo imediato e aos condicionamentos impostos pela cor natural dos objetos.
          Os primeiros contatos entre os fauvistas começaram por volta de 1892, quando Henry Matisse conheceu, entre outros, Albert Marquet, Henri Manguin e Charles Camoin, seus colegas na Escola de Belas-Artes. A eles logo se uniram André Derain e Maurice Vlaminck e, um grupo procedente do Havre: Othon Friesz, Raoul Dufy, Kees van Dongen e Georges Braque. No grupo dos fauvistas, sobressaíram principalmente Matisse, que pintou A arraia verde e Mulher com chapéu (fig.1), Derain e Vlaminck, que pintavam paisagens em cores vivas, como por exemplo a obra Restaurante (fig2) de Vlaminck.


(fig.1) Matisse. Mulher com Chapéu.  coleção particular. 1905.
(fig.2) Maurice Vlaminck, Restaurante,1905. Museu d’Orsay, Paris.


A primeira exposição dos fauvistas foi no Salão do Outono de Paris, em 1905. O grupo não era homogêneo nem seguia a mesma orientação teórica. Pela verdadeira ferocidade com que empregavam as cores, em tons puros, sem misturas, matizes ou gradações, violentos e estridentes, o crítico Louis Vauxcelles chamou-os fauves (em francês, feras). Daí fauvisme (fovismo) e fauvistes (fovistas). Inspirando-se no elementarismo de Gauguin, no emocionalismo de Van Gogh, nas artes arcaicas, selvagens, populares e infantis, defenderam o principio de que a fonte de criação artística está nas camadas mais profundas e elementares da sensibilidade humana, sem intervenção das faculdades intelectuais. Outras características também ressaltadas pelos artistas do movimento foram, as sombras que adquiriam tons fortes e contrastados, quase sempre em pinceladas separadas, e o interesse dos artistas em fazer quadros decorativos, que agradasse a quem os contemplasse.



“O artista deve expressar os seus impulsos e sensações vitais, através de formas simplificadas e de cores puras, numa espontaneidade e pureza iguais às dos selvagens e das crianças. “As minhas cores” – dizia Maurice Vlaminck, na sua fase fovista – “são gritos dos meus instintos. É preciso mais heroísmo para obedecer aos nossos instintos do que para morrer num campo de batalha. Com os meus azuis e vermelhos puros, quero incendiar a Escola de Belas-Artes, para um mundo inteiramente novo, puro e livre.” (CAVALCANTI,1978, p.314)

             Buscando exprimir esses impulsos e sensações, chegam a negar os recursos intelectuais até então consagrados pela pintura (o realismo na retratação da natureza; o claro-escuro para a sensação de volume; a perspectiva científica linear ou aérea para dar a ilusão de profundidade; e o desenho de detalhe) em benefício da cor pura. Esses recursos são abandonados, porque eles diminuíam o poder de expressão, de vitalidade das cores puras e formas simples.


(fig.3) Matisse, A Alegria da Vida. 1905-06, 1,74 m x 2,38 m. Copyright Fundação Barnes, Merion, Pensilvânia





O principal líder desse movimento foi Henry Matisse, o mais velho dos fundadores da pintura do século XX. Seu quadro A Alegria da Vida (fig.3), resume todo espírito fauvista, melhor que qualquer outro de sua longa carreira. O cromatismo uniforme de sua superfície, os contornos pesados e cheios de ondulações e seu caráter “primitivo”, são tão importantes como a organização expressiva de seu quadro. A posição das figuras ou objetos, os espaços vazios ao seu redor, as proporções; tudo tem uma função.

Matisse sugere:



“Até mesmo as poses das figuras têm uma origem predominantemente clássica, e a habilidade aparentemente descuidada mostra um profundo conhecimento do corpo humano. O que torna a pintura tão revolucionaria é sua radical simplicidade, sua “capacidade de omissão”: cada coisa que talvez possa existir foi omitida ou sua existência apenas insinuada; e, no entanto, a cena preserva os aspectos essenciais da forma plástica e da profundidade espacial.” (JANSON, 1996, p.358)

            Desvinculado de qualquer relação à decadência de nossa civilização, ele voltar-se-ia unicamente para o ato de pintar, pois somente essa experiência proporcionaria prazer ao observador e para si mesmo.


Em seu quadro Harmonia em Vermelho (fig.4) ele pinta a toalha e a parede com a mesma combinação de azul sobre vermelho, definidamente distinguindo os planos horizontais e verticais. Cézanne foi o pioneiro nessa integração ornamento-paisagem, mas aqui Matisse a transforma no elemento principal de sua composição, igualmente ousada, mas perfeitamente compreensível.
           Por características dos demais artistas, André Derain utilizava pontos e riscos de ardentes cores primárias; Maurice Vlaminck, extremista, que esguichava as tintas na tela e misturava com espátula para intensificar o efeito; Othon Friesz, Georges Rouault, com quadros cheios de dor e sofrimento, sob temas religiosos e vitrais; Keens Van Dongen, Paul Gauguin, e Raoul Dufy, que produziam quadros alegres de festas nos jardins, concertos, corridas de cavalos, etc. seus desenhos eram fluidos, de cores fortes e charmosos.




Matisse, Harmonia em Vermelho, 1908-09. 1,81 m x 2,46 m. Museu Hermitage, Leningrado


Em sua fase final, o fauvismo recebeu a influência de mestres pós-impressionistas, como Seurat, com sua técnica de divisão de cores, presente nos primeiros quadros dos fauvistas, e Van Gogh, que nitidamente inspirou Vlaminck, com suas pinceladas soltas e espessas. Mais tarde, sob a influencia de Gauguin os artistas passaram a usar a cor em manchas planas e extensas. Cézanne com seu construtivismo também influenciou o movimento, o que coincidiu com o desmembramento do grupo, ocorrida em 1908, quando os artistas optaram por estéticas diversas.

(fig.5) André Derain, Porto de Peche, 1905



[1]
PROENÇA, Graça – História da Arte. São Paulo. Editora Ática, 1994. Pg. 153-154
STRICKLAND, Carol - ARTE COMENTADA: Da Pré-história ao Pós-modernismo. Editora Ediouro, 1999. Pg. 130-132
CAVALCANTI, Carlos - História das Artes. Rio de Janeiro. Editora Rio, 1978. Pag. 314 e 315
JANSON. H. W. e Anthony F. JANSON - Introdução à Historia da Arte, São Paulo. Martins Fontes, 1996. Pag. 357 a 360.
DENVIR, Bernard [Tradução de Maria Thereza Silva Stranges] - O Fovismo e o Expressionismo, Editorial Labor, S. A. 1977. Pag. 6 à 13.
ENCYCLOPAEDIA  BRITANNICA  DO  BRASIL  PUBLICAÇÕES  LTDA.
RIO DE JANEIRO – RJ. Volume 06. Pag. 210 e 211.

DADAÍSMO


Dadaísmo[1] ou o Dada surgiu em Zurique, Suíça, durante a Primeira Guerra (1914-1918). Nesse momento muitos artistas surgiram fugidos da guerra, a Suíça como era um país neutro foi o lugar escolhido por muitos para se refugiarem, entre eles o escritor e diretor de teatro Hugo Ball. Este acostumado à vida boêmia encontra um pequeno bar, o Cabaré Volraire onde pediu permissão para o dono do local para que pudesse dirigir atrações no local. Ao fazer anúncio do espaço para que os artistas pudessem expor suas obras, lessem seus textos e tocassem suas músicas, houve uma grande percussão aparecendo artistas de todos os lugares, com suas mais diversas obras. Artistas de diferentes nacionalidades e tendências se encontravam nas noites para recitar textos de Jarry, Baudelaire, Verlaine e de suas próprias autorias e expor obras e se deleitarem com música bem ao estilo Dadaísta. Entre os artistas presentes estavam James Joyce, os alemães Raoul Hausmann e Richard Huelsenbeck, os romenos Tristan Tzara e Marcel Janco, o suíço Hans Arp.
Não se sabe ao certo a origem do termo dadaísmo, uns dizem que surgiu de maneira aleatória em um dicionário de alemão, outros que Dada era “sim, sim” em russo, o fato é que para os artistas isso pouco importavam.
Mesmo com tantos artistas brilhantes e ousados sem dúvidas Bell e Tzara eram “os cabeças” do Dadaísmo. De personalidades totalmente diferentes Bell era calmo e discreto e idealizador do movimento. Já Tzara inquieto e agressivo. O Dadá não seria nada sem os manifestos e provocações além das apresentações malucas de Tzara.
Cansados da carnificina da grande guerra os artistas se deleitavam com a antiarte. Cantavam, cortavam, faziam poesias sem parar. Buscavam no Dadaísmo a arte que seria capaz de equilibrar a desordem humana.
Terminada a guerra, o Dadaísmo adquiriu maior virulência na Alemanha e na França, em virtude do clima favorável que encontrava. As suas exposições e manifestações se caracterizavam pela agressividade, irracionalismo e negativismo. Na pintura, adotou diferentes recursos técnicos, especialmente as colagens dos cubistas, não com finalidades plásticas, mas de sátira e protesto social.
O dadaísmo não seguia os preceitos de um movimento artístico tradicional. Distinguia-se dos demais movimentos de vanguarda por formular uma nova ética artística onde, com o passar do tempo, influenciou novas formas de expressão. O movimento Dadaísta foi ganhando corpo graças as mais variadas expressões individuais dos artistas de diferentes países, com personalidades e temperamentos distintos, além do nível artístico de cada um. Este é um movimento artístico da antiarte confirmado principalmente pelos próprios dadaístas.
Inicialmente o grupo dadaísta era voltado para a literatura, onde a criatividade dos artistas consistia na produção, apresentação, e publicação de poesias, histórias e canções. Essas produções eram acompanhadas de efeitos sonoros como campainhas, tambores, chocalhos e vestimenta a seguir o propósito da apresentação.
 Pouco importava qual era a orientação artística de cada artista. O talento e a ousadia dos dadaístas eram expressados em relevos abstratos, recortes de gesso colorido ou não, peças e pinturas revestidas por espelhos, pedaços de madeira, papéis cortados. Aliás, mesmo o dadaísmo não tendo características que o define profundamente, a utilização de diversos materiais nas produções artísticas é um ponto forte do dadá.
           O Dadaísmo tinha como propósito não ter propósito e este fato foi o que deu ao movimento a força transformadora na arte, sem ter limites estéticos e muito menos sociais. A antiarte dadaísta se deve ao fato dos artistas rejeitarem a idéia de arte como empresa. O que eles buscavam era um propósito de fazer da arte um meio transformador da vida.







PRINCIPAIS ARTISTAS DO MOVIMENTO:



Marcel Duchamp (1887-1968)
 Artista francês foi uma das figuras mais importantes na arte moderna. Iniciou o Dada e o Surrealismo, inspirando diversos outros movimentos, do pop ao conceitualismo. Tornou-se uma lenda mesmo não produzindo muitas obras. Para Duchamp, a concepção da obra-de-arte era mais importante que o produto acabado. Em 1913, ele criou uma forma de arte chamada readymades (arte pronta), fazendo a composição de uma roda de bicicleta montada sobre um banquinho de cozinha.  Duchamp mudou o conceito do que é que constitui a arte.

Jean Arp (1886 - 1966)

            Alguns artistas reagiram com uma palheta de cores vivas ou obras bem-humoradas, incluindo Arp, que começou a criar obras com pregos enfileirados em telas baixos-relevos, como em Bigodes (c.1925), incorporando os temas de bigodes, chapeus e gravatas que zombavam da arrogância e da ordem hierárquica burguesa. Depois passou a fazer experiências com as idéias de espontaneidade e composição automática. Na década de 1920, Arp fundou a Colônia Dadaísta com Max Ernst e voltou a viver em Paris. Lá se aproximou do surrealismo antes criar um grupo de criações abstracionistas. Continuou a trabalhar com temas do acaso e a criar esculturas livres, como a Escultura para ser perdida na floresta (1932), deixada numa floresta para que as pessoas pudessem se deparar com ela por acidente.

 Começou a fazer esculturas abstratas em 1910. Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu ele estava em Paris, misturando-se à vanguarda da capital. Em vez de voltar para a casa e encarar o serviço militar, Arp foi para a Suíça, onde fundou a Sociedade Dadaísta de Zurique em 1916.

Jonh Heartfild (1891-1968)
Famoso pelas fortes imagens antinazistas. Suas primeiras obras em montagens, criadas junto com George Grosz e outros dadaístas. A foto montagem foi uma criação dadaísta. Justapondo imagens e textos, acreditavam que novas e provocativas idéias podiam emergir – uma técnica usada por ele contra a pompa vazia e a propaganda duvidosa. Em 1918, juntou-se ao Partido Comunista e foi um dos fundadores de uma editora. Suas imagens mais fortes foram criadas no período de 1920 e 1930, mas mais tarde ele continuou se posicionando contra a exploração e a guerra.

“Relógio Despertador I”, Francis Picabia, 1919, litografia colorida, 27x19cm, Bibliotéque Littéraire Jacques Doucet, Paris, França
Duchamp, Fonte, 1917, urinol invertido, altura de 60 cm. Fotografia de Alfred Slieglitz, Philadelphia Museu of Art
Duchamp. “A roda da bicicleta”, 1913, madeira e metal, altura de 126 cm (recriada em 1951), Moma. Nova York, EUA
Montanha, “Mesa, Ancora, Umbigo”, Jean Arp, 1925. MoMA, NY
Colagem de Quadrados Dispostos Conforme as Leis do Acaso, Jean Arp, 1916-17, papel rasgado e colado, 49 x 35 cm, MoMA, Nova York, EUA.
Jonh Heartfild, “Há Milhões atrás de mim”, 1932, litografia, coleção particular.


 LAMBERT, Rosemary A Arte do Século XX, São Paulo: Circulo do Livro S.A, 1981.
RICHTER, Hans Dadá: Arte e Antiarte, São Paulo: Martins Fontes, 1993.   
Cavalcanti, Carlos. Historia das Artes: da Renascença fora da Itália até nossos dias. 1978: Editora Rio. Pág. 328-329.
Agra, Lucio: História da Arte do Século XX: Idéias e Movimentos, São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004. Pág. 51-70.


CONSTRUTIVISMO RUSSO


Grupo: Renata Cáceres e Maria Olimpio da Silva

O Construtivismo[1] originou-se na Rússia em 1914-32 liderado por Vladimir Tatlin. Foi um movimento estético de renovação artística na escultura. que adotou as características do Cubismo e Futurismo. A Arte neste período não deveria ser vista como pura e sim carregada de informações daquela época, como por exemplo, as influências da indústria. Seus maiores vínculos estéticos eram os ideais políticos revolucionários.


Vladimir Tatlin
Moscou, 1885; Moscou, 1953

Monumento a Terceira Internacional: Vladimir Tatlin simbolizou neste monumento a força revolucionária da humanidade. O monumento contém o demonstrativo do potencial expressivo de uma estrutura técnica moderna.
O principal objeto deste movimento era “construir a arte, não criá-la”, onde estes princípios eram aplicados principalmente a escultura que trazia quatro dimensões sobrepostas a movimento e tempo.  O estilo baseava-se no uso de materiais industrializados como vidro, metal e plástico em obras tridimensionais, chegando ao que se pode chamar de “colagem tridimensional”.

Vladimir Tatlin. Modelo para o Momento à  Terceira Internacional. 1919-20. Madeira, ferro e vidro; altura: 6,1m. (destruído; fotografia contemporânea).


El Lissitxky
Polchinok, 1890; Moscou, 1941

Golpeie os Brancos com a Cunha: O cartaz de rua aplica as formas suprematistas e as propagandas revolucionárias. Transmite a impressão de que a cunha vermelha irá romper o círculo branco (velha ordem).
            Durante vários períodos a arte teve a necessidade de ir além dos modelos tradicionais; com a devastação causada pela Primeira Guerra Mundial e a queda do antigo regime há uma busca de combinações que expressam condições sociais e novos ideais.


El Lissitzy: Golpeie os Brancos com a Cunha 1919, cartaz, Stedelijk van Abbe-Museum, Eindhove, Países Baixos

Naum Gabo
Klimovichi, 1890; Waterbury, 1977

Construção Linear no Espaço Número 1
            Gabo explora na obra a interface entre espaço sólido, possuindo assim um caráter escultórico fluido e não geométrico. A utilização do material plástico dá a transparência necessária para o vão central causando uma forte tridimensionalidade.


Naum Gabo: Construção Linear no Espaço Número 1 1944-45, plástico, 30 x 30 x 6 cm, Universidade de Cambridge, Reino Unido


Antoine Pevsner
Orel, 1886; Paris, 1962

             Cabeça: Pevcner explorou a transparência e a maleabilidade do plástico, focando a atenção simultânea das superfícies interna e externas da obra.


Antoine Pevsner: Cabeça C. 1926-24, 77 x 59 x 92 cm, Tate, Londres, Reino Unido.


Aleksandr Rodchenko
São Petersburgo, 1891; Moscou, 1956

Construção Oval Suspensa, Número 12: A obra foi concebida a partir de uma única folha de compensado, cortada em faixas concêntricas da borda externa para o centro. Contém fios de arame que dão a fixação das faixas. Quando Fechada a estrutura forma um plano oval.
           Posteriormente o movimento ignorou as contradições entre a criatividade e as produções utilitárias, havendo uma separação entre o grupo que queria fazer a arte como pura (Ocidente) entre o grupo que colocaria a arte em serviço das necessidades econômicas e políticas do novo regime (grupo holandês De Stijl).

Aleksandr Rodchenko: Construção Oval Suspensa, Número 12 1920-21, compensado pintado e arame, 83 x 59 x 43 cm, Galeria Tretiakvov, Moscou, Rússia.




[1]
JANSON. H. W. e Anthony F. Introdução a História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
Arte: o guia visual definitivo/ consultor editorial Andrew Graham-Dixon; [traduzido por Eliana Rocha]. – São Paulo: Publifolha, 2011.
501 grandes artistas/ editor geral Stephen Farthing [tradução de Marcelo Mendes e Paulo Polzonoff jr.]. – Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
Arte Comentada: da pré-história ao pós-moderno/ Carol Strickland; tradução Angela Lobo de Andrade – Rido de Janeiro: Ediouro, 2004.





domingo, 4 de dezembro de 2011

EXPRESSIONISMO


No término do século XVIII, a Alemanha passava por um caos político trazendo transtornos e guerras horrendas anos mais tarde. Filósofos, humanistas, escritores e artistas buscavam saídas para as dificuldades que enfrentavam o que favoreceu o desenvolvimento da arte alemã, tempos depois, em oposição ao mundo “supermecanizado” e autoritário.
O Expressionismo[1] alemão revela-se como uma extensão dos feitos de Vincent Van Gogh e do norueguês Edward Munch e dominou a pintura e a escultura, a literatura, o teatro e o cinema..  Fadigados do mundo em preliminares bélicas, no início do século XX, artistas distanciam-se da autoridade tradicional da família, da escola ou da academia de arte e, aproximando-se das forças naturais, do que não tem fim, do que está além do planeta como os componentes do grupo “Die Brucke” (A Ponte) e do ” Der Blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul) encontrando assim, uma fresta de liberdade.
O expressionista conhece e interpreta o mundo à base de sentimentos e não de sensações. Em face da natureza e do homem, enche-se de dolorosas interrogações espirituais, repassadas de amargura e pessimismo, tocadas também de propósitos éticos e críticas sociais e políticas. Não tem por objetivo representar visualmente as aparências da natureza ou as imagens exteriores, mas utilizá-las para expressar suas realidades interiores, de modo direto e intenso.


Die Brucke (A Ponte)  
Curiosamente os componentes do grupo A Ponte não possuíam experiência em pintura, eram refugiados do curso de arquitetura da Saxônia, e mesmo assim moveram uma pequena parcela de revolução expressando mensagens sociais. A Ponte foi apontada como partícula revolucionária antes de movimento artístico.

Ernest Ludwig Kirchner elaborou e registrou e estabeleceu, em Xilografia, instruções para o grupo que diz assim: “Acreditamos como o fazemos no crescimento e numa nova geração, naqueles que criam e naqueles que apreciam, chamamos todos jovens à união e, como jovens que carregam o futuro em si, queremos arrancar a liberdade para as nossas ações e vidas dos mais velhos, forças confortavelmente estabelecidas. Nós chamamos nosso aquele que reproduz diretamente e sem falsificação, seja o que for que o leva a criar.” Kirchner era autodidata e não possuía amarras da educação artística formal. Sofreu influência de Van Gogh, xilografias medievais alemãs e esculturas africanas e oceânicas. Direcionava seus trabalhos na exploração de técnicas que compartilhassem de uma percepção clara e impressionante. Sua composição de cores distinguia do tradicional harmonizando vermelhos e azuis, roxo e preto, amarelo e ocre, marrom e azul cobalto, chegando a misturar petróleo em suas tintas. Com passar do tempo adquiriu consideráveis habilidades técnicas sem perder a inocência na abordagem visual. Podemos observar estas características em: Mulher Seminua e de Chapéu (76x70) pintado em 1911. Uma composição com arcos contrastantes e complementares marcada por uma espécie de erotismo sugestivo. Boa parte dos expressionistas eram apaixonados pelo submundo e viviam rodeados de prostitutas, alcoviteiros e gangsters que contrastavam com a aparente pureza do seu próprio mundo de sonhos. Kirchner foi um verdadeiro puritano em intenção e um apaixonado em expressão.

Erich Heckel de certa maneira o mais controlado do que os outros membros do grupo A Ponte, embora até sua eg tenha se apresentado ocasionalmente com maior aventura. Seus primeiros quadros têm veemência não controlada do recém chegado tomado pela liberdade que a arte lhe dá, intoxicado pelo sentido de poder sem limite. Construção de Tijolos, de 1907, se utiliza da técnica de espremer o óleo dos tubos direto na tela transmitindo uma intensidade de cores muito parecida com as pinturas de Van Gogh.
Bastante devoto ao conceito do grupo, em 1909 viajou para Itália, onde absorveu a arte etrusca e sua idéia de luz, aproximando-se de algo bastante próximo dos fovistas que haveriam de vir. O trabalho de Heckel, sem dúvida, contribuiu para a arte do século XX. 

Karl Schmidt-Rottuff, o terceiro membro do grupo A Ponte, foi quem inventou o nome para o grupo alegando que este nome manteria o grupo unido e o levaria para o futuro. O mais ingênuo do grupo, raramente apresentava figuras em suas pinturas, introvertido e reservado mantinha um trabalho arrojado e vigoroso, quase grosseiro, com cores fortemente saturadas e grandes áreas de composição sem definição o que o levou quase a abstração. Preferindo paisagens foi auxiliado por Emil Nolde a transpor a barreira do impressionismo, ampliando os horizontes passou a compor com figuras e natureza morta. Após a guerra, para fugir do barbarismo de sua época procurou o simbolismo em correntes literárias e teológicas.

Emil Hansen fora convidado a participar do grupo A Ponte, devido suas obras escritas de tendências sociais e técnicas impressionistas influenciadas por Gauguin, Van Gogh e Munch. Participou do grupo em 1906 e 1907 e após retirou-se para tentar iniciar outro grupo concorrente. Nascido de ambiente simples mantinha uma subcorrente religiosa chegando a confessar que quando criança prometeu a Deus que quando crescesse escreveria um cântico de louvor para o livro de orações, como essa promessa nunca fora cumprida pintou um grande numero de quadros com temas religiosos.  Em Dança em Volta do Bezerro de Ouro suas figuras são traduzidas em hieróglifos em êxtase dionisíaco, violentas em cor e desiguais em forma. Hansen dizia que as pinturas tendem a se desenvolver segundo suas próprias leis, sobre a mão do artista.



Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) 

            Se comparados com o grupo A Ponte, O Cavaleiro Azul era bem maior, mais amorfo, muito instável em seus integrantes, porém mais ideológicos preocupado com a investigação da relação dos homens com o seu mundo, chegando a publicar um livro anual reunindo artigos e revisões de todas as artes: e assim seus componentes exerceram maior influência  nas Vanguardas.
Klee e Kandinsky são exemplos óbvios de artistas que prosseguiram explorando outros territórios visuais e abriram novos dimensões e experiências. Ambos, mais Feininger tiveram educação musical e interessavam-se pela analogia entre música e a arte. Kandinsky poblicou um livro entitulado O Espiritual na Arte,  e afirma em sua teoria que “ a harmonia e o contraponto podem auxiliar o emprego de cor e linha na pintura, da mesma forma que a música emprega os sons”.
 O nome do grupo surgiu de uma conversa entre Wassily Kandinsky e Franz Marc onde ambos gostavam de azul, Marc de cavalos e Kandinsky de cavaleiros.
Este “Cavaleiro Azul” teve poucos anos de vida, com início em 1911 e término em 1914 seus integrantes seguiram caminhos divergentes, porém enquanto grupo foram minuciosos ao investigar as teorias das cores, com os problemas da percepção, utilizam-se das ciências, exploraram o espaço imaginário e declarando independência dos limites do mundo visível. 

Ernest Ludwig Kirchner, Menina em um sofá azul, 1907. Grupo Die Brücke.
Erich Heckel, “Moinho de vento, Dangast” óleo sobre tela (1909) - Museu Wilheim Lehmbruck, em Dulsburg, Alemanha.
Kandinsky, Grande Estado – 1914 – imagem fotografada do livro O Fovismo e o Expressionismo.
O cavalo azul.  Franz Marc.  1911. Grupo Der Blaue Reiter.
Kirchner, Mulher Seminua e de Chapéu, 76x79 - 1911 




[1] Cavalcanti, Carlos – Como Entender a Pintura Moderna, Editora Rio – p. 115 à 117.
Guinsburg, J. – O Expresionismo, Editora Perspectiva –p. 390 à 399.
O Fouvismo e o Expressionismo – p. 26 à 36 e 39 à 41.
coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/05/29/arquitetura-expressionista/
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