Dadaísmo[1] ou o Dada surgiu
em Zurique, Suíça, durante a Primeira Guerra (1914-1918). Nesse momento muitos
artistas surgiram fugidos da guerra, a Suíça como era um país neutro foi o
lugar escolhido por muitos para se refugiarem, entre eles o escritor e diretor
de teatro Hugo Ball. Este acostumado à vida boêmia encontra um pequeno bar, o
Cabaré Volraire onde pediu permissão para o dono do local para que pudesse
dirigir atrações no local. Ao fazer anúncio do espaço para que os artistas pudessem
expor suas obras, lessem seus textos e tocassem suas músicas, houve uma grande
percussão aparecendo artistas de todos os lugares, com suas mais diversas obras.
Artistas de diferentes nacionalidades e tendências se encontravam nas noites
para recitar textos de Jarry, Baudelaire, Verlaine e de suas próprias autorias
e expor obras e se deleitarem com música bem ao estilo Dadaísta. Entre os
artistas presentes estavam James Joyce, os alemães Raoul Hausmann e Richard
Huelsenbeck, os romenos Tristan Tzara e Marcel Janco, o suíço Hans Arp.
Não se sabe ao certo a
origem do termo dadaísmo, uns dizem que surgiu de maneira aleatória em um
dicionário de alemão, outros que Dada era “sim, sim” em russo, o fato é que
para os artistas isso pouco importavam.
Mesmo com tantos artistas
brilhantes e ousados sem dúvidas Bell e Tzara eram “os cabeças” do Dadaísmo. De
personalidades totalmente diferentes Bell era calmo e discreto e idealizador do
movimento. Já Tzara inquieto e agressivo. O Dadá não seria nada sem os
manifestos e provocações além das apresentações malucas de Tzara.
Cansados da carnificina da
grande guerra os artistas se deleitavam com a antiarte. Cantavam, cortavam,
faziam poesias sem parar. Buscavam no Dadaísmo a arte que seria capaz de
equilibrar a desordem humana.
Terminada a guerra, o Dadaísmo
adquiriu maior virulência na Alemanha e na França, em virtude do clima
favorável que encontrava. As suas exposições e manifestações se caracterizavam
pela agressividade, irracionalismo e negativismo. Na pintura, adotou diferentes
recursos técnicos, especialmente as colagens dos cubistas, não com finalidades
plásticas, mas de sátira e protesto social.
O dadaísmo não
seguia os preceitos de um movimento artístico tradicional. Distinguia-se dos
demais movimentos de vanguarda por formular uma nova ética artística onde, com
o passar do tempo, influenciou novas formas de expressão. O movimento Dadaísta
foi ganhando corpo graças as mais variadas expressões individuais dos artistas
de diferentes países, com personalidades e temperamentos distintos, além do
nível artístico de cada um. Este é um movimento artístico da antiarte
confirmado principalmente pelos próprios dadaístas.
Inicialmente o
grupo dadaísta era voltado para a literatura, onde a criatividade dos artistas
consistia na produção, apresentação, e publicação de poesias, histórias e
canções. Essas produções eram acompanhadas de efeitos sonoros como campainhas,
tambores, chocalhos e vestimenta a seguir o propósito da apresentação.
Pouco importava qual era a orientação
artística de cada artista. O talento e a ousadia dos dadaístas eram expressados
em relevos abstratos, recortes de gesso colorido ou não, peças e pinturas
revestidas por espelhos, pedaços de madeira, papéis cortados. Aliás, mesmo o
dadaísmo não tendo características que o define profundamente, a utilização de
diversos materiais nas produções artísticas é um ponto forte do dadá.
O Dadaísmo tinha como propósito não ter
propósito e este fato foi o que deu ao movimento a força transformadora na
arte, sem ter limites estéticos e muito menos sociais. A antiarte dadaísta se
deve ao fato dos artistas rejeitarem a idéia de arte como empresa. O que eles
buscavam era um propósito de fazer da arte um meio transformador da vida.
PRINCIPAIS
ARTISTAS DO MOVIMENTO:
Marcel
Duchamp (1887-1968)
Artista francês foi uma das figuras mais
importantes na arte moderna. Iniciou o Dada e o Surrealismo, inspirando
diversos outros movimentos, do pop ao conceitualismo. Tornou-se uma lenda mesmo
não produzindo muitas obras. Para Duchamp, a concepção da obra-de-arte era mais
importante que o produto acabado. Em 1913, ele criou uma forma de arte chamada
readymades (arte pronta), fazendo a composição de uma roda de bicicleta montada
sobre um banquinho de cozinha. Duchamp
mudou o conceito do que é que constitui a arte.
Jean
Arp (1886 - 1966)
Alguns artistas reagiram com uma palheta de cores vivas ou obras bem-humoradas, incluindo Arp, que começou a criar obras com pregos enfileirados em telas baixos-relevos, como em Bigodes (c.1925), incorporando os temas de bigodes, chapeus e gravatas que zombavam da arrogância e da ordem hierárquica burguesa. Depois passou a fazer experiências com as idéias de espontaneidade e composição automática. Na década de 1920, Arp fundou a Colônia Dadaísta com Max Ernst e voltou a viver
Começou a fazer esculturas abstratas em 1910.
Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu ele estava em Paris, misturando-se à
vanguarda da capital. Em vez de voltar para a casa e encarar o serviço militar,
Arp foi para a Suíça, onde fundou a Sociedade Dadaísta de Zurique em 1916.
Jonh
Heartfild (1891-1968)
Famoso pelas fortes imagens antinazistas. Suas
primeiras obras em montagens, criadas junto com George Grosz e outros
dadaístas. A foto montagem foi uma criação dadaísta. Justapondo imagens e
textos, acreditavam que novas e provocativas idéias podiam emergir – uma
técnica usada por ele contra a pompa vazia e a propaganda duvidosa. Em 1918,
juntou-se ao Partido Comunista e foi um dos fundadores de uma editora. Suas
imagens mais fortes foram criadas no período de 1920 e 1930, mas mais tarde ele
continuou se posicionando contra a exploração e a guerra.
“Relógio Despertador I”, Francis Picabia, 1919, litografia colorida, 27x19cm, Bibliotéque Littéraire Jacques Doucet, Paris, França |
Duchamp, Fonte, 1917, urinol invertido, altura
de |
Duchamp. “A roda da bicicleta”, 1913, madeira e
metal, altura de |
Montanha, “Mesa, Ancora, Umbigo”, Jean Arp, 1925. MoMA, NY |
Colagem de Quadrados Dispostos Conforme as Leis
do Acaso, Jean Arp, 1916-17, papel rasgado e colado, 49 x |
Jonh Heartfild, “Há Milhões atrás de mim”, 1932, litografia, coleção particular. |
LAMBERT, Rosemary A Arte do Século XX, São Paulo: Circulo do Livro S.A, 1981.
RICHTER, Hans Dadá: Arte e Antiarte, São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Cavalcanti, Carlos. Historia das Artes: da Renascença fora da Itália até nossos dias.
1978: Editora Rio. Pág. 328-329.
Agra, Lucio: História da Arte do Século XX: Idéias e Movimentos, São Paulo:
Anhembi Morumbi, 2004. Pág. 51-70.
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