segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

DADAÍSMO


Dadaísmo[1] ou o Dada surgiu em Zurique, Suíça, durante a Primeira Guerra (1914-1918). Nesse momento muitos artistas surgiram fugidos da guerra, a Suíça como era um país neutro foi o lugar escolhido por muitos para se refugiarem, entre eles o escritor e diretor de teatro Hugo Ball. Este acostumado à vida boêmia encontra um pequeno bar, o Cabaré Volraire onde pediu permissão para o dono do local para que pudesse dirigir atrações no local. Ao fazer anúncio do espaço para que os artistas pudessem expor suas obras, lessem seus textos e tocassem suas músicas, houve uma grande percussão aparecendo artistas de todos os lugares, com suas mais diversas obras. Artistas de diferentes nacionalidades e tendências se encontravam nas noites para recitar textos de Jarry, Baudelaire, Verlaine e de suas próprias autorias e expor obras e se deleitarem com música bem ao estilo Dadaísta. Entre os artistas presentes estavam James Joyce, os alemães Raoul Hausmann e Richard Huelsenbeck, os romenos Tristan Tzara e Marcel Janco, o suíço Hans Arp.
Não se sabe ao certo a origem do termo dadaísmo, uns dizem que surgiu de maneira aleatória em um dicionário de alemão, outros que Dada era “sim, sim” em russo, o fato é que para os artistas isso pouco importavam.
Mesmo com tantos artistas brilhantes e ousados sem dúvidas Bell e Tzara eram “os cabeças” do Dadaísmo. De personalidades totalmente diferentes Bell era calmo e discreto e idealizador do movimento. Já Tzara inquieto e agressivo. O Dadá não seria nada sem os manifestos e provocações além das apresentações malucas de Tzara.
Cansados da carnificina da grande guerra os artistas se deleitavam com a antiarte. Cantavam, cortavam, faziam poesias sem parar. Buscavam no Dadaísmo a arte que seria capaz de equilibrar a desordem humana.
Terminada a guerra, o Dadaísmo adquiriu maior virulência na Alemanha e na França, em virtude do clima favorável que encontrava. As suas exposições e manifestações se caracterizavam pela agressividade, irracionalismo e negativismo. Na pintura, adotou diferentes recursos técnicos, especialmente as colagens dos cubistas, não com finalidades plásticas, mas de sátira e protesto social.
O dadaísmo não seguia os preceitos de um movimento artístico tradicional. Distinguia-se dos demais movimentos de vanguarda por formular uma nova ética artística onde, com o passar do tempo, influenciou novas formas de expressão. O movimento Dadaísta foi ganhando corpo graças as mais variadas expressões individuais dos artistas de diferentes países, com personalidades e temperamentos distintos, além do nível artístico de cada um. Este é um movimento artístico da antiarte confirmado principalmente pelos próprios dadaístas.
Inicialmente o grupo dadaísta era voltado para a literatura, onde a criatividade dos artistas consistia na produção, apresentação, e publicação de poesias, histórias e canções. Essas produções eram acompanhadas de efeitos sonoros como campainhas, tambores, chocalhos e vestimenta a seguir o propósito da apresentação.
 Pouco importava qual era a orientação artística de cada artista. O talento e a ousadia dos dadaístas eram expressados em relevos abstratos, recortes de gesso colorido ou não, peças e pinturas revestidas por espelhos, pedaços de madeira, papéis cortados. Aliás, mesmo o dadaísmo não tendo características que o define profundamente, a utilização de diversos materiais nas produções artísticas é um ponto forte do dadá.
           O Dadaísmo tinha como propósito não ter propósito e este fato foi o que deu ao movimento a força transformadora na arte, sem ter limites estéticos e muito menos sociais. A antiarte dadaísta se deve ao fato dos artistas rejeitarem a idéia de arte como empresa. O que eles buscavam era um propósito de fazer da arte um meio transformador da vida.







PRINCIPAIS ARTISTAS DO MOVIMENTO:



Marcel Duchamp (1887-1968)
 Artista francês foi uma das figuras mais importantes na arte moderna. Iniciou o Dada e o Surrealismo, inspirando diversos outros movimentos, do pop ao conceitualismo. Tornou-se uma lenda mesmo não produzindo muitas obras. Para Duchamp, a concepção da obra-de-arte era mais importante que o produto acabado. Em 1913, ele criou uma forma de arte chamada readymades (arte pronta), fazendo a composição de uma roda de bicicleta montada sobre um banquinho de cozinha.  Duchamp mudou o conceito do que é que constitui a arte.

Jean Arp (1886 - 1966)

            Alguns artistas reagiram com uma palheta de cores vivas ou obras bem-humoradas, incluindo Arp, que começou a criar obras com pregos enfileirados em telas baixos-relevos, como em Bigodes (c.1925), incorporando os temas de bigodes, chapeus e gravatas que zombavam da arrogância e da ordem hierárquica burguesa. Depois passou a fazer experiências com as idéias de espontaneidade e composição automática. Na década de 1920, Arp fundou a Colônia Dadaísta com Max Ernst e voltou a viver em Paris. Lá se aproximou do surrealismo antes criar um grupo de criações abstracionistas. Continuou a trabalhar com temas do acaso e a criar esculturas livres, como a Escultura para ser perdida na floresta (1932), deixada numa floresta para que as pessoas pudessem se deparar com ela por acidente.

 Começou a fazer esculturas abstratas em 1910. Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu ele estava em Paris, misturando-se à vanguarda da capital. Em vez de voltar para a casa e encarar o serviço militar, Arp foi para a Suíça, onde fundou a Sociedade Dadaísta de Zurique em 1916.

Jonh Heartfild (1891-1968)
Famoso pelas fortes imagens antinazistas. Suas primeiras obras em montagens, criadas junto com George Grosz e outros dadaístas. A foto montagem foi uma criação dadaísta. Justapondo imagens e textos, acreditavam que novas e provocativas idéias podiam emergir – uma técnica usada por ele contra a pompa vazia e a propaganda duvidosa. Em 1918, juntou-se ao Partido Comunista e foi um dos fundadores de uma editora. Suas imagens mais fortes foram criadas no período de 1920 e 1930, mas mais tarde ele continuou se posicionando contra a exploração e a guerra.

“Relógio Despertador I”, Francis Picabia, 1919, litografia colorida, 27x19cm, Bibliotéque Littéraire Jacques Doucet, Paris, França
Duchamp, Fonte, 1917, urinol invertido, altura de 60 cm. Fotografia de Alfred Slieglitz, Philadelphia Museu of Art
Duchamp. “A roda da bicicleta”, 1913, madeira e metal, altura de 126 cm (recriada em 1951), Moma. Nova York, EUA
Montanha, “Mesa, Ancora, Umbigo”, Jean Arp, 1925. MoMA, NY
Colagem de Quadrados Dispostos Conforme as Leis do Acaso, Jean Arp, 1916-17, papel rasgado e colado, 49 x 35 cm, MoMA, Nova York, EUA.
Jonh Heartfild, “Há Milhões atrás de mim”, 1932, litografia, coleção particular.


 LAMBERT, Rosemary A Arte do Século XX, São Paulo: Circulo do Livro S.A, 1981.
RICHTER, Hans Dadá: Arte e Antiarte, São Paulo: Martins Fontes, 1993.   
Cavalcanti, Carlos. Historia das Artes: da Renascença fora da Itália até nossos dias. 1978: Editora Rio. Pág. 328-329.
Agra, Lucio: História da Arte do Século XX: Idéias e Movimentos, São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004. Pág. 51-70.


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