segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

FAUVISMO


Grupo: Elizabete Vieira, Leonnardo Vieira e Tânia Gonçalves


Para compreendermos qualquer acontecimento do século XX, precisamos antes mencionar alguns acontecimentos importantes gerados a partir do impressionismo. Entre 1901 e 1906, foram realizadas em Paris várias exposições abrangentes da obra de Van Gogh, Gauguin e Cézanne. Crescidos numa atmosfera mórbida e “decadente” da década de 1890, esses jovens pintores ficaram profundamente abalados acabando por desenvolver um estilo novo e radical, cheio de cores violentas e distorções vitais. Estas seriam as maiores inspirações para os artistas recém-chegados.
          O primeiro movimento artístico de vanguarda deste século foi o fauvismo[1] ou fovismo, um grupo de pintores que desejavam libertar a cor das regras tradicionais da pintura, marcadas pelo intelectualismo, pelo desprezo ao realismo imediato e aos condicionamentos impostos pela cor natural dos objetos.
          Os primeiros contatos entre os fauvistas começaram por volta de 1892, quando Henry Matisse conheceu, entre outros, Albert Marquet, Henri Manguin e Charles Camoin, seus colegas na Escola de Belas-Artes. A eles logo se uniram André Derain e Maurice Vlaminck e, um grupo procedente do Havre: Othon Friesz, Raoul Dufy, Kees van Dongen e Georges Braque. No grupo dos fauvistas, sobressaíram principalmente Matisse, que pintou A arraia verde e Mulher com chapéu (fig.1), Derain e Vlaminck, que pintavam paisagens em cores vivas, como por exemplo a obra Restaurante (fig2) de Vlaminck.


(fig.1) Matisse. Mulher com Chapéu.  coleção particular. 1905.
(fig.2) Maurice Vlaminck, Restaurante,1905. Museu d’Orsay, Paris.


A primeira exposição dos fauvistas foi no Salão do Outono de Paris, em 1905. O grupo não era homogêneo nem seguia a mesma orientação teórica. Pela verdadeira ferocidade com que empregavam as cores, em tons puros, sem misturas, matizes ou gradações, violentos e estridentes, o crítico Louis Vauxcelles chamou-os fauves (em francês, feras). Daí fauvisme (fovismo) e fauvistes (fovistas). Inspirando-se no elementarismo de Gauguin, no emocionalismo de Van Gogh, nas artes arcaicas, selvagens, populares e infantis, defenderam o principio de que a fonte de criação artística está nas camadas mais profundas e elementares da sensibilidade humana, sem intervenção das faculdades intelectuais. Outras características também ressaltadas pelos artistas do movimento foram, as sombras que adquiriam tons fortes e contrastados, quase sempre em pinceladas separadas, e o interesse dos artistas em fazer quadros decorativos, que agradasse a quem os contemplasse.



“O artista deve expressar os seus impulsos e sensações vitais, através de formas simplificadas e de cores puras, numa espontaneidade e pureza iguais às dos selvagens e das crianças. “As minhas cores” – dizia Maurice Vlaminck, na sua fase fovista – “são gritos dos meus instintos. É preciso mais heroísmo para obedecer aos nossos instintos do que para morrer num campo de batalha. Com os meus azuis e vermelhos puros, quero incendiar a Escola de Belas-Artes, para um mundo inteiramente novo, puro e livre.” (CAVALCANTI,1978, p.314)

             Buscando exprimir esses impulsos e sensações, chegam a negar os recursos intelectuais até então consagrados pela pintura (o realismo na retratação da natureza; o claro-escuro para a sensação de volume; a perspectiva científica linear ou aérea para dar a ilusão de profundidade; e o desenho de detalhe) em benefício da cor pura. Esses recursos são abandonados, porque eles diminuíam o poder de expressão, de vitalidade das cores puras e formas simples.


(fig.3) Matisse, A Alegria da Vida. 1905-06, 1,74 m x 2,38 m. Copyright Fundação Barnes, Merion, Pensilvânia





O principal líder desse movimento foi Henry Matisse, o mais velho dos fundadores da pintura do século XX. Seu quadro A Alegria da Vida (fig.3), resume todo espírito fauvista, melhor que qualquer outro de sua longa carreira. O cromatismo uniforme de sua superfície, os contornos pesados e cheios de ondulações e seu caráter “primitivo”, são tão importantes como a organização expressiva de seu quadro. A posição das figuras ou objetos, os espaços vazios ao seu redor, as proporções; tudo tem uma função.

Matisse sugere:



“Até mesmo as poses das figuras têm uma origem predominantemente clássica, e a habilidade aparentemente descuidada mostra um profundo conhecimento do corpo humano. O que torna a pintura tão revolucionaria é sua radical simplicidade, sua “capacidade de omissão”: cada coisa que talvez possa existir foi omitida ou sua existência apenas insinuada; e, no entanto, a cena preserva os aspectos essenciais da forma plástica e da profundidade espacial.” (JANSON, 1996, p.358)

            Desvinculado de qualquer relação à decadência de nossa civilização, ele voltar-se-ia unicamente para o ato de pintar, pois somente essa experiência proporcionaria prazer ao observador e para si mesmo.


Em seu quadro Harmonia em Vermelho (fig.4) ele pinta a toalha e a parede com a mesma combinação de azul sobre vermelho, definidamente distinguindo os planos horizontais e verticais. Cézanne foi o pioneiro nessa integração ornamento-paisagem, mas aqui Matisse a transforma no elemento principal de sua composição, igualmente ousada, mas perfeitamente compreensível.
           Por características dos demais artistas, André Derain utilizava pontos e riscos de ardentes cores primárias; Maurice Vlaminck, extremista, que esguichava as tintas na tela e misturava com espátula para intensificar o efeito; Othon Friesz, Georges Rouault, com quadros cheios de dor e sofrimento, sob temas religiosos e vitrais; Keens Van Dongen, Paul Gauguin, e Raoul Dufy, que produziam quadros alegres de festas nos jardins, concertos, corridas de cavalos, etc. seus desenhos eram fluidos, de cores fortes e charmosos.




Matisse, Harmonia em Vermelho, 1908-09. 1,81 m x 2,46 m. Museu Hermitage, Leningrado


Em sua fase final, o fauvismo recebeu a influência de mestres pós-impressionistas, como Seurat, com sua técnica de divisão de cores, presente nos primeiros quadros dos fauvistas, e Van Gogh, que nitidamente inspirou Vlaminck, com suas pinceladas soltas e espessas. Mais tarde, sob a influencia de Gauguin os artistas passaram a usar a cor em manchas planas e extensas. Cézanne com seu construtivismo também influenciou o movimento, o que coincidiu com o desmembramento do grupo, ocorrida em 1908, quando os artistas optaram por estéticas diversas.

(fig.5) André Derain, Porto de Peche, 1905



[1]
PROENÇA, Graça – História da Arte. São Paulo. Editora Ática, 1994. Pg. 153-154
STRICKLAND, Carol - ARTE COMENTADA: Da Pré-história ao Pós-modernismo. Editora Ediouro, 1999. Pg. 130-132
CAVALCANTI, Carlos - História das Artes. Rio de Janeiro. Editora Rio, 1978. Pag. 314 e 315
JANSON. H. W. e Anthony F. JANSON - Introdução à Historia da Arte, São Paulo. Martins Fontes, 1996. Pag. 357 a 360.
DENVIR, Bernard [Tradução de Maria Thereza Silva Stranges] - O Fovismo e o Expressionismo, Editorial Labor, S. A. 1977. Pag. 6 à 13.
ENCYCLOPAEDIA  BRITANNICA  DO  BRASIL  PUBLICAÇÕES  LTDA.
RIO DE JANEIRO – RJ. Volume 06. Pag. 210 e 211.

Nenhum comentário:

Postar um comentário