Grupo: Elizabete Vieira, Leonnardo
Vieira e Tânia Gonçalves
Para compreendermos qualquer acontecimento do século XX, precisamos antes mencionar alguns acontecimentos importantes gerados a partir do impressionismo. Entre 1901 e 1906, foram realizadas em Paris várias exposições abrangentes da obra de Van Gogh, Gauguin e Cézanne. Crescidos numa atmosfera mórbida e “decadente” da década de 1890, esses jovens pintores ficaram profundamente abalados acabando por desenvolver um estilo novo e radical, cheio de cores violentas e distorções vitais. Estas seriam as maiores inspirações para os artistas recém-chegados.
O primeiro movimento
artístico de vanguarda deste século foi o fauvismo[1] ou fovismo, um grupo de pintores que desejavam libertar a cor das regras
tradicionais da pintura, marcadas pelo intelectualismo, pelo desprezo ao
realismo imediato e aos condicionamentos impostos pela cor natural dos objetos.Para compreendermos qualquer acontecimento do século XX, precisamos antes mencionar alguns acontecimentos importantes gerados a partir do impressionismo. Entre 1901 e 1906, foram realizadas em Paris várias exposições abrangentes da obra de Van Gogh, Gauguin e Cézanne. Crescidos numa atmosfera mórbida e “decadente” da década de 1890, esses jovens pintores ficaram profundamente abalados acabando por desenvolver um estilo novo e radical, cheio de cores violentas e distorções vitais. Estas seriam as maiores inspirações para os artistas recém-chegados.
Os primeiros contatos entre os fauvistas começaram por volta de 1892, quando Henry Matisse conheceu, entre outros, Albert Marquet, Henri Manguin e Charles Camoin, seus colegas na Escola de Belas-Artes. A eles logo se uniram André Derain e Maurice Vlaminck e, um grupo procedente do Havre: Othon Friesz, Raoul Dufy, Kees van Dongen e Georges Braque. No grupo dos fauvistas, sobressaíram principalmente Matisse, que pintou A arraia verde e Mulher com chapéu (fig.1), Derain e Vlaminck, que pintavam paisagens em cores vivas, como por exemplo a obra Restaurante (fig2) de Vlaminck.
(fig.1) Matisse. Mulher com Chapéu. coleção particular. 1905. |
(fig.2) Maurice Vlaminck, Restaurante,1905. Museu d’Orsay, Paris. |
A primeira exposição dos fauvistas foi no Salão do Outono de
Paris, em 1905. O grupo não era homogêneo nem seguia a mesma orientação
teórica. Pela verdadeira ferocidade com que empregavam as cores, em tons puros,
sem misturas, matizes ou gradações, violentos e estridentes, o crítico Louis
Vauxcelles chamou-os fauves (em francês, feras). Daí fauvisme (fovismo)
e fauvistes (fovistas). Inspirando-se no elementarismo de Gauguin, no
emocionalismo de Van Gogh, nas artes arcaicas, selvagens, populares e infantis,
defenderam o principio de que a fonte de criação artística está nas camadas
mais profundas e elementares da sensibilidade humana, sem intervenção das
faculdades intelectuais. Outras características também ressaltadas pelos
artistas do movimento foram, as sombras que adquiriam tons fortes e
contrastados, quase sempre em pinceladas separadas, e o interesse dos artistas
em fazer quadros decorativos, que agradasse a quem os contemplasse.
“O artista deve expressar os seus impulsos e sensações vitais,
através de formas simplificadas e de cores puras, numa espontaneidade e pureza
iguais às dos selvagens e das crianças. “As minhas cores” – dizia Maurice
Vlaminck, na sua fase fovista – “são gritos dos meus instintos. É preciso mais
heroísmo para obedecer aos nossos instintos do que para morrer num campo de
batalha. Com os meus azuis e vermelhos puros, quero incendiar a Escola de
Belas-Artes, para um mundo inteiramente novo, puro e livre.” (CAVALCANTI,1978,
p.314)
(fig.3) Matisse, A Alegria da Vida. 1905-06, 1,74 m x 2,38 m. Copyright Fundação Barnes, Merion, Pensilvânia |
O principal líder desse movimento foi Henry Matisse, o mais velho
dos fundadores da pintura do século XX. Seu quadro A Alegria da Vida (fig.3),
resume todo espírito fauvista, melhor que qualquer outro de sua longa carreira.
O cromatismo uniforme de sua superfície, os contornos pesados e cheios de
ondulações e seu caráter “primitivo”, são tão importantes como a organização
expressiva de seu quadro. A posição das figuras ou objetos, os espaços vazios
ao seu redor, as proporções; tudo tem uma função.
Matisse sugere:
“Até mesmo as poses das figuras têm uma origem predominantemente
clássica, e a habilidade aparentemente descuidada mostra um profundo
conhecimento do corpo humano. O que torna a pintura tão revolucionaria é sua
radical simplicidade, sua “capacidade de omissão”: cada coisa que talvez possa
existir foi omitida ou sua existência apenas insinuada; e, no entanto, a cena
preserva os aspectos essenciais da forma plástica e da profundidade espacial.”
(JANSON, 1996, p.358)
Em seu quadro Harmonia em Vermelho (fig.4) ele pinta a
toalha e a parede com a mesma combinação de azul sobre vermelho, definidamente
distinguindo os planos horizontais e verticais. Cézanne foi o pioneiro nessa
integração ornamento-paisagem, mas aqui Matisse a transforma no elemento
principal de sua composição, igualmente ousada, mas perfeitamente
compreensível.
Por características dos
demais artistas, André Derain utilizava pontos e riscos de ardentes cores
primárias; Maurice Vlaminck, extremista, que esguichava as tintas na tela e
misturava com espátula para intensificar o efeito; Othon Friesz, Georges
Rouault, com quadros cheios de dor e sofrimento, sob temas religiosos e
vitrais; Keens Van Dongen, Paul Gauguin, e Raoul Dufy, que produziam quadros
alegres de festas nos jardins, concertos, corridas de cavalos, etc. seus
desenhos eram fluidos, de cores fortes e charmosos.Matisse, Harmonia em Vermelho, 1908-09. 1,81 m x 2,46 m. Museu Hermitage, Leningrado |
Em sua fase final, o fauvismo recebeu a influência de mestres
pós-impressionistas, como Seurat, com sua técnica de divisão de cores, presente
nos primeiros quadros dos fauvistas, e Van Gogh, que nitidamente inspirou
Vlaminck, com suas pinceladas soltas e espessas. Mais tarde, sob a influencia
de Gauguin os artistas passaram a usar a cor em manchas planas e extensas.
Cézanne com seu construtivismo também influenciou o movimento, o que coincidiu
com o desmembramento do grupo, ocorrida em 1908, quando os artistas optaram por
estéticas diversas.
(fig.5) André Derain, Porto de Peche, 1905
|
PROENÇA, Graça – História da
Arte. São Paulo. Editora Ática, 1994. Pg. 153-154
STRICKLAND, Carol - ARTE
COMENTADA: Da Pré-história ao Pós-modernismo. Editora Ediouro, 1999. Pg.
130-132
CAVALCANTI,
Carlos - História das Artes. Rio de Janeiro. Editora Rio, 1978. Pag. 314
e 315
JANSON. H. W. e
Anthony F. JANSON - Introdução à Historia da Arte, São Paulo. Martins
Fontes, 1996. Pag. 357 a 360.
DENVIR, Bernard [Tradução de
Maria Thereza Silva Stranges] - O Fovismo e o Expressionismo, Editorial
Labor, S. A. 1977. Pag. 6 à 13.
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA
DO BRASIL PUBLICAÇÕES
LTDA.
RIO DE JANEIRO – RJ. Volume 06.
Pag. 210 e 211.
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