No término do século
XVIII, a Alemanha passava por um caos político trazendo transtornos e guerras
horrendas anos mais tarde. Filósofos, humanistas, escritores e artistas
buscavam saídas para as dificuldades que enfrentavam o que favoreceu o
desenvolvimento da arte alemã, tempos depois, em oposição ao mundo
“supermecanizado” e autoritário.
O Expressionismo[1] alemão revela-se
como uma extensão dos feitos de Vincent Van Gogh e do norueguês Edward Munch e
dominou a pintura e a escultura, a literatura, o teatro e o cinema.. Fadigados do mundo em preliminares bélicas, no
início do século XX, artistas distanciam-se da autoridade tradicional da
família, da escola ou da academia de arte e, aproximando-se das forças naturais,
do que não tem fim, do que está além do planeta como os componentes do grupo “Die
Brucke” (A Ponte) e do ” Der Blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul) encontrando assim,
uma fresta de liberdade.
O expressionista conhece e
interpreta o mundo à base de sentimentos e não de sensações. Em face da
natureza e do homem, enche-se de dolorosas interrogações espirituais,
repassadas de amargura e pessimismo, tocadas também de propósitos éticos e
críticas sociais e políticas. Não tem por objetivo representar visualmente as
aparências da natureza ou as imagens exteriores, mas utilizá-las para expressar
suas realidades interiores, de modo direto e intenso.
Die
Brucke (A Ponte)
Curiosamente os
componentes do grupo A Ponte não possuíam experiência em pintura, eram
refugiados do curso de arquitetura da Saxônia, e mesmo assim moveram uma
pequena parcela de revolução expressando mensagens sociais. A Ponte foi
apontada como partícula revolucionária antes de movimento artístico.
Ernest
Ludwig Kirchner
elaborou e registrou e estabeleceu, em Xilografia, instruções para o grupo que
diz assim: “Acreditamos como o fazemos no
crescimento e numa nova geração, naqueles que criam e naqueles que apreciam,
chamamos todos jovens à união e, como jovens que carregam o futuro em si,
queremos arrancar a liberdade para as nossas ações e vidas dos mais velhos,
forças confortavelmente estabelecidas. Nós chamamos nosso aquele que reproduz
diretamente e sem falsificação, seja o que for que o leva a criar.” Kirchner
era autodidata e não possuía amarras da educação artística formal. Sofreu
influência de Van Gogh, xilografias medievais alemãs e esculturas africanas e
oceânicas. Direcionava seus trabalhos na exploração de técnicas que
compartilhassem de uma percepção clara e impressionante. Sua composição de
cores distinguia do tradicional harmonizando vermelhos e azuis, roxo e preto,
amarelo e ocre, marrom e azul cobalto, chegando a misturar petróleo em suas
tintas. Com passar do tempo adquiriu consideráveis habilidades técnicas sem
perder a inocência na abordagem visual. Podemos observar estas características
em: Mulher Seminua e de Chapéu (76x70)
pintado em 1911. Uma composição com arcos contrastantes e complementares
marcada por uma espécie de erotismo sugestivo. Boa parte dos expressionistas
eram apaixonados pelo submundo e viviam rodeados de prostitutas, alcoviteiros e
gangsters que contrastavam com a aparente pureza do seu próprio mundo de
sonhos. Kirchner foi um verdadeiro puritano em intenção e um apaixonado em
expressão.
Erich
Heckel de certa
maneira o mais controlado do que os outros membros do grupo A Ponte, embora até
sua eg tenha se apresentado ocasionalmente com maior aventura. Seus primeiros
quadros têm veemência não controlada do recém chegado tomado pela liberdade que
a arte lhe dá, intoxicado pelo sentido de poder sem limite. Construção de Tijolos, de 1907, se
utiliza da técnica de espremer o óleo dos tubos direto na tela transmitindo uma
intensidade de cores muito parecida com as pinturas de Van Gogh.
Bastante devoto ao
conceito do grupo, em 1909 viajou para Itália, onde absorveu a arte etrusca e
sua idéia de luz, aproximando-se de algo bastante próximo dos fovistas que
haveriam de vir. O trabalho de Heckel, sem dúvida, contribuiu para a arte do
século XX.
Karl
Schmidt-Rottuff, o
terceiro membro do grupo A Ponte, foi quem inventou o nome para o grupo alegando
que este nome manteria o grupo unido e o levaria para o futuro. O mais ingênuo
do grupo, raramente apresentava figuras em suas pinturas, introvertido e
reservado mantinha um trabalho arrojado e vigoroso, quase grosseiro, com cores
fortemente saturadas e grandes áreas de composição sem definição o que o levou
quase a abstração. Preferindo paisagens foi auxiliado por Emil Nolde a transpor
a barreira do impressionismo, ampliando os horizontes passou a compor com
figuras e natureza morta. Após a guerra, para fugir do barbarismo de sua época
procurou o simbolismo em correntes literárias e teológicas.
Emil Hansen fora convidado a participar do grupo A
Ponte, devido suas obras escritas de tendências sociais e técnicas
impressionistas influenciadas por Gauguin, Van Gogh e Munch. Participou do
grupo em 1906 e 1907 e após retirou-se para tentar iniciar outro grupo concorrente.
Nascido de ambiente simples mantinha uma subcorrente religiosa chegando a
confessar que quando criança prometeu a Deus que quando crescesse escreveria um
cântico de louvor para o livro de orações, como essa promessa nunca fora
cumprida pintou um grande numero de quadros com temas religiosos. Em
Dança em Volta do Bezerro de Ouro suas figuras são traduzidas em hieróglifos em
êxtase dionisíaco, violentas em cor e desiguais em forma. Hansen dizia que as
pinturas tendem a se desenvolver segundo suas próprias leis, sobre a mão do
artista.
Der
Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul)
Se comparados com o grupo A Ponte, O Cavaleiro Azul era bem maior, mais amorfo, muito instável em seus integrantes, porém mais ideológicos preocupado com a investigação da relação dos homens com o seu mundo, chegando a publicar um livro anual reunindo artigos e revisões de todas as artes: e assim seus componentes exerceram maior influência nas Vanguardas.
Klee e Kandinsky são
exemplos óbvios de artistas que prosseguiram explorando outros territórios
visuais e abriram novos dimensões e experiências. Ambos, mais Feininger tiveram
educação musical e interessavam-se pela analogia entre música e a arte.
Kandinsky poblicou um livro entitulado O Espiritual na Arte, e afirma em sua teoria que “ a harmonia e o
contraponto podem auxiliar o emprego de cor e linha na pintura, da mesma forma
que a música emprega os sons”.
O nome do grupo surgiu de uma conversa entre Wassily Kandinsky e Franz Marc onde ambos gostavam de azul, Marc de cavalos e Kandinsky de cavaleiros.
O nome do grupo surgiu de uma conversa entre Wassily Kandinsky e Franz Marc onde ambos gostavam de azul, Marc de cavalos e Kandinsky de cavaleiros.
Este “Cavaleiro Azul” teve
poucos anos de vida, com início em 1911 e término em 1914 seus integrantes seguiram
caminhos divergentes, porém enquanto grupo foram minuciosos ao investigar as
teorias das cores, com os problemas da percepção, utilizam-se das ciências,
exploraram o espaço imaginário e declarando independência dos limites do mundo
visível.
Ernest Ludwig Kirchner, Menina em um sofá azul, 1907. Grupo Die Brücke. |
Erich
Heckel, “Moinho de
vento, Dangast” óleo sobre tela (1909) - Museu Wilheim Lehmbruck, em Dulsburg,
Alemanha.
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Kandinsky, Grande Estado – 1914 –
imagem fotografada do livro O Fovismo e o Expressionismo.
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O cavalo azul. Franz Marc.
1911. Grupo Der Blaue
Reiter.
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Kirchner, Mulher Seminua e de Chapéu, 76x79 - 1911
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[1] Cavalcanti,
Carlos – Como Entender a Pintura Moderna, Editora Rio – p. 115 à 117.
Guinsburg, J. – O
Expresionismo, Editora Perspectiva –p. 390 à 399.
O Fouvismo e o
Expressionismo – p. 26 à 36 e 39 à 41.
coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/05/29/arquitetura-expressionista/
girafamania.com.br/historia_arte/historia_arteexpressionista.html
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